A noite havia sido um colosso. Denis não lembrava de jamais ter tido outra noite semelhante. Mas... como é que tinha sido a noite mesmo? Não lembrava. Levantou-se da cama, foi até o banheiro, urinou e espantou-se com os olhos vermelhos que destoavam em seu rosto.
- Tenho que parar de fumar aquela porcaria...
Voltou para a cama arrastando os pés. Deitou-se e só aí percebeu que havia uma mulher deitada a seu lado. Esticou a cabeça para ver se era bonita e exclamou:
- Merda!
“Pelo menos não é uma anã de circo, como da última vez. Ah, que se dane! Foi a primeira mulher menor que eu, com quem já tive um relacionamento.” Pensou.
“Pelo menos não é uma anã de circo, como da última vez. Ah, que se dane! Foi a primeira mulher menor que eu, com quem já tive um relacionamento.” Pensou.
Por um breve instante, lembrou-se de Eleutéria, a anã barbuda do Circo Vostok. Tá. Eleutéria era barbuda sim, mas... e daí? Era o trabalho dela. Lá nas partes, ela se depilava. Porque anã, barbuda e cabeluda seria mesmo exagero. Além de tudo o mais, finalmente conseguiu fazer amor de pé com uma mulher, sem precisar subir em um banquinho.
Denis passou a mão levemente sobre o rosto da moça e sentiu uma aspereza incomum. Sobressaltado, resolveu olhar debaixo das cobertas. Olhou e deitou-se rapidamente, olhando para o teto:
- Merda! Merda, merda, merda!
Ficou olhando o teto por uns instantes, pensando. “Por que essas merdas só acontecem comigo? Ah, que se dane! O meu ainda é maior!”
Ficou olhando o teto por uns instantes, pensando. “Por que essas merdas só acontecem comigo? Ah, que se dane! O meu ainda é maior!”
Foi só aí, olhando as marcas no teto, que percebeu que aquele não era o seu quarto. Levantou-se de fininho em busca de suas roupas. Sairia dali sem que errr... a “moça” percebesse. Vasculhou todo o quarto, mas nada de suas roupas. O que era pior, reconhecia aquele tipo de quarto. Era uma república de estudantes. Sabia, porque namorara algum tempo uma universitária que morava em uma república exatamente igual àquela.
Abriu o guarda-roupas da moça adormecida e só achou vestes femininas. Mas, por sorte, encontrou uma fantasia de coelhinha da Playboy. Era a única coisa com a qual poderia sair vestido dali. Denis colocou o maiô, mas o enorme saco atrapalhava. Deixou o dito cujo saindo pela lateral. Colocou a tiara com as orelhinhas e sorriu para o espelhinho. Irreconhecível!
Dobrou levemente os joelhos, sorriu mostrando os dentes e percebeu que qualquer criança ficaria encantada com aquela visão. Ok, pensou, exceto pelo saco aparecendo no meio das pernas.
De repente, uma voz em falsete sorridente, tirou-o de seus pensamentos:
- De olhos vermelhos, de pelos branquinhos...
Denis arregalou seus olhos ao perceber que a moça acordara.
- Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim?
A moça esticou a mão, apontando o saco que ficara de fora do maiô
– um ovo, dois ovos... e um “pepinim”!
A moça esticou a mão, apontando o saco que ficara de fora do maiô
– um ovo, dois ovos... e um “pepinim”!
Denis abriu a porta do quarto e saiu correndo, em meio à multidão de alunos que transitava pelos corredores e escadas.
“E se alguém me reconhecer?” – pensou.
Claro que Denis não acredita nessas coisas, mas que era um bom disfarce, ah, isso era. Ato contínuo, enquanto corria pelas escadas, corredores e ruas da universidade, o saco tilintando feito um badalo no meio das pernas, nosso herói ia gritando para as pessoas que encontrava:
- Feliz Páscoa! Feliz Páscoa! Feliz Páscoa! Feliz Páscoa a todos!
J. Miguel
29 de março de 2013
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